quarta-feira, 25 de agosto de 2010

Moda Sonora

Esses dias eu estava dando uma olhada nos sites de algumas lojas e nas novas coleções (primavera-verão 10/11). Além de me encantar com cada look maravilhoso (sim, sou apaixonada por moda também), fiquei vidrada pelo set list que rolava enquanto saía de uma roupa para outra.
Uma das marcas que mais gosto, a carioca do “Posto 9 de Ipanema”, Farm, sabe unir elegância visual e sonora em cada mudança de estação. “Ximbuktu” uma coleção africana com o pé na areia da praia, repleta de fauna e flora que traduzem a brisa da estação. Entenderam o conceito da moda? Não precisa, deixa pra lá... Agora, a trilha sonora do “Ximbuktu” é uma delícia!
A latinidade de Omara Portuondo, o rock-indie do The XX, o hulla-hulla de Cibelle, que se mistura com o dub do UB40, no reagge de Bob Marley, e desemboca nos timbres brasileiros de Mariana Aydar, Mart’nália e Céu. Bom hein? Ainda tem muito mais... Macy Gray, Jimmi Cliff, Janelle Monae, Mayra Andrade, Sara Tavares e por aí vai.
O bom dessa mistura de etnias musicais é propor a união e a descobertas do novo. Eu, por exemplo, me encantei pela voz lusitana de Sara Tavares, que não conhecia! Ela nasceu em Portugal, tem ascendência cabo-verdiana, cinco discos lançados, uma voz suave e envolvente.


Outra que foi paixão logo de cara, já que sou louca por samba, Mayra Andrade. Cubana de Havana, hoje vive em Paris, têm dois discos e já formou dueto com Lenine, Chico Buarque e Mariana Aydar. Depois disso, mereceu todos meus créditos! Sem falar na voz refinada que ela tem, claro.  


Vou deixar pra vocês um pouco do som da nova coleção da Farm e pra quem quiser assessar as novidades ou ouvir o set list, aí vai: http://www.farmrio.com.br/

Sara Tavares - Bom Feeling
Mayra Andrade - Comme Si'l en Pleuvait
Cibelle - Underneath the MangoTree
Mariana Aydar - Pras Bandas de Lá
The XX - Intro
UB40 - Red Red Wine
Céu - Rainha

domingo, 22 de agosto de 2010

#Tangolomango

Música tropical de humor universal

O novo disco de Silvia Machete, Extravaganza, lançado recentemente pelo selo Coqueiro Verde Records, poderia ter uma sequência nominal parecida com o primeiro, “Bomb of Love – Música Safada para Corações Românticos” (2006). Como assim? Explico: Poderia ser “Extravaganza – Música Sofisticada para Pessoas de Bom Humor”.
Nelson Motta uma vez a definiu como “sexy e hilária”. Mas os adjetivos para essa alma feminina vão além desses dois. Ela é performática e caricata por essência, criativa e inteligente por razão, elegante e envolvente por ser simplesmente mulher. Todas essas qualidades se encontram em uma cantora que não precisa de definições de gênero e que já está inclusa, e muito bem inclusa, na nova geração de cantoras brasileiras contemporâneas de qualidade.
Nesses quatro anos de um disco para o outro, o passarinho da Silvia Machete bateu asas e alcançou vôos altos, literalmente visto na belíssima capa floral, charmosa e secreta. Extravaganza é um disco de latinidade refinada para um país de poucas sonoridades multiculturais, provocativo sem ser careta e circense sem ser over.
“Yes, nós temos bananas!”. E assim, nessa efervescência, o disco abre com o paraíso tropical composto por Itamar Assumpção, em “Noite Torta”. Passando por uma marchinha “roqueada” em “Vou pra Rua” até uma folia irreverente e jazzística em “Meu Carnaval”, Silvia mostra sua voz doce, afirmando sua potência como compositora. As parcerias, entre tantas, conta com a presença de Erasmo Carlos, numa balada romântica para gente aberta em “Feminino Frágil. A canção composta com o Tremedão, visto pela segunda vez com a Silvia (ela regravou “Gente Aberta” no primeiro disco), dialoga com “Mulher (Sexo Frágil)”, sucesso do Erasmo na fase pós-Jovem Guarda. A melodia inocente e meiga de “Sábado e Domingo”, afirma o encontro das sensações engraçadas e sentimentos verdadeiros. Já em “Manjar de Reis”, Silvia se encontra num Jorge Mauter dançante e ambíguo, quando se é pedido: “Quero a tua nudez/ Da cabeça aos pés/ Quero que sem timidez/ Tu chupes picolés”.
“Tropical Extravaganza”, música que inspirou o título do disco, tem um tom de “somos las muchachas de Copacabana”, representando perfeitamente a energia e particularidade de toda essa mistura sonora e tropical estravagante do disco. “A Cigarra”, melodia em homenagem à grande Mercedes Sosa, é uma volta por cima de uma “mulher guerreira” com um humor fantasioso, assim como em “O Baixo”, de imaginação infantil e sacana. O pomar e a flora colorida do Brasil, também estão presentes no hulla-hulla de “Underneath the Mango Tree”. A imagem feminina é tema, mais uma vez, na penúltima faixa do disco, “Fim de Festa”, remetendo um pouco ao título e contexto de “Toda Bêbada Canta”, canção clássica do primeiro disco de Silvia Machete. Por fim, o arranjo mais forte de Extravaganza, “Coração Valente” fecha o disco seguindo a mesma temática humorada, marcante, femme fatale e brasileira desta cantora que se afirma em um picadeiro carnavalesco e sensual de sua carreira e obra.
Extravaganza é um disco para ouvir, dançar, sorrir e soltar as garras femininas. É um trabalho sonoro que brinca com a cultura brasileira de forma inteligente e delicada, e que com certeza, será consagrado nos palcos por onde a Silvia Machete passar, levando esse circo cheio de surpresas, ilusões e diversões super refinadas.  E assim concluo (re)afirmando: “Extravaganza – Música Sofisticada para Pessoas de Bom Humor”.


*Foto - Crédito: Caroline Bittencourt

quinta-feira, 19 de agosto de 2010

Só um trechinho

Hoje de manhã saiu a programação do No Ar: Coquetel Molotov 2010. O festival vai acontecer durante todo o mês de setembro, com shows gratuitos no Pátio de São Pedro, seminários, oficinas e debates. Nos dias 24 e 25 do mesmo mês, o NACM trás para o Teatro UFPE: Soko, Otto, Voyeur, Taxi Taxi!, A Banda de Joseph Tourton, Eemicida, Do Amor, Dinosaur Jr e mais pupilinhos que vão agradar o público “indie” do Recife. Mais informações sobre o festival e a programação completa no blog oficial: http://www.coquetelmolotov.com.br/blog/



Mudanças no show de Los Hermanos! Lugar, valor, produtora e tudo mais. O show agora vai ser no Pavilhão do Centro de Convenções, a produção fica por conta da D&E Entretenimento, que também faz o Ceará Music. Os ingressos começam a serem vendidos amanhã, no Centro de Convenções ou no site do Ingresso Rápido, nos valores de: R$60,00 (inteira) R$30,00 (meia) R$70,00 (camarote mezanino). 
Informando que: Cada pessoa só pode comprar quartro ingressos e tem de apresentar carteira de estudante no ato da compra.
Preparado pra odisséia da fila do ingresso? Então vá, porque na nossa contagem regressiva faltam 57 dias!!




Encerrando a turnê do último disco lançado, A Arte de Fazer Barulho, Marcelo D2 agora colhe os frutos do próximo projeto. “Marcelo D2 Canta Bezerra da Silva”, produzido por Leandro Sapuchay, tem pérolas do Bezerra (1927 – 2005) como Defundo Caguete, Candidato Caô Caô, Overdose de Cocada, Malandro É Malandro, Mané É Mané e muito mais. A capa do disco também entra totalmente no clima de homenagem e reproduz o disco “Eu Não Sou Santo” (1990) no estilo samba e hip-hop do D2.



Cada dia que passa as crianças estão mais espertas e exigindo do bom e do melhor. E se você acha que as músicas que elas gostam são só no estilo Xuxa, Patati-Patatá e trilhas de desenhos animados, estão enganados! Adriana Partimpim já está no segundo volume e é uma delícia de obra. Outros que eu indico muito, não só pra criançada mas pros adultos de boa audição, são o Pequeno Cidadão, do Arnaldo Antunes e do Edgar Scandurra e o mais novo do Pato Fu, Música de Brinquedo.
E por falar em Pato Fu, eles chegam com esse novo universo no Recife, dia 10 de setembro, no Teatro da UFPE.

Um dos maiores gênios da MPB se chama Jorge Mautner. Poeta, compositor, dramaturgo e criador da Teoria do Kaos, Jorge transcende. Sua música é entoada por diversos cantores como Caetano Veloso, Gilberto Gil, Gal Costa, Chico Science e Nação Zumbi. Muitos jovens que não conhecem a real importância desse mestre na história musical brasileira, agora podem ver suas obras nas vozes de Otto, Ana Cañas, Nina Becker... E por falar em Nina Becker, ela acaba de lançar dois discos que variam entre tons de “Azul” e “Vermelho” e em ambos, com regravações de clássicos do Jorge como Samba-Jambo e Lágrimas Negras

quarta-feira, 18 de agosto de 2010

quarta-feira, 4 de agosto de 2010

A partir de hoje, contagem regressiva...

CONFIRMADO!

Como tinha falado dias atrás, numa notinha sobre o vai e vem da volta de Los Hermanos, agora temos data certa e foi dada a largada para a contagem regressiva.
Como publicado há praticamente 40min no blog de Bruno Medina, o show dos Hermanos será dia 15 de outubro, no Cabanga Iate Clube, em Recife.
Preparem as bóias porque as lágrimas vão rolar e o Rio Capibaribe estará ao nosso redor!

Se liguem na publicação, porque não tenho muitas palavras para me prolongar neste texto: 


FALTAM 72 DIAS... 

segunda-feira, 2 de agosto de 2010

Uma Noite em 67

Na última sexta-feira (30), estreou nos cinemas de todo o Brasil, o documentário Uma Noite em 67, de Renato Terra e Ricardo Calil, que assim como Palavra (En)Cantada, de Helena Solberg, seria a promessa da volta de bons documentários musicais brasileiros. Tendo como base, além dos fatores históricos, o livro “A Era dos Festivais - Uma Parábola” (Editora 34, 2003) de Zuza Homem de Mello, o enredo do documentário tem vilão, mocinho, bandido e uma trilha sonora impecável. Como uma admiradora assumida da eclosão musical dos anos seiscentistas, fui correndo para assistir e fazer uma viagem no tempo, tendo a certeza de que seria muito feliz presenciando a melhor fase que a MPB já teve.    
Dentro de uma época com repressão totalitária, a música popular brasileira ganhava rumos diferentes daquela “mania de diminutivo” da Bossa Nova, cheia de carinho, barquinho, amorzinho e peixinho. A vontade de mudar as regras na sociedade, era transpassada em forma de canção e a atitude revolucionária por parte dos jovens, movia o país junto com a política e a globalização. Os festivais organizados pelas Tvs Record, Excelsior, Globo e Rio, eram o entretenimento da massa, tal qual a novela é hoje em dia. Durante a década de 60 e 70, esses programas apresentaram novos artistas e consagraram aqueles que já estavam na boca do povo.
Uma noite em 67 é um “confronto de luta livre”, como Solano Ribeiro, produtor musical, declara no documentário. A final do III Festival de Música Popular Brasileira da TV Record, foi divisora de águas da história musical do país. A platéia frenética e efervescente que estava presente no Teatro Paramount, em São Paulo, era um termômetro que oscilava entre aplausos e vaias, em centésimos de segundos. Em 13 canções apresentadas por jovens artistas que transitavam desde Bossa Nova a Jovem Guarda, até um futuro movimento Tropicalista, ídolos foram descobertos, violões foram quebrados, guitarras foram aceitas e histórias foram transformadas.
Estrelando no auge dos seus 20 a 25 anos: Chico Buarque de Hollanda e MPB4, Caetano Veloso e os Beach Boys, Gilberto Gil e Os Mutantes, Roberto Carlos, Edu Lobo e Marília Medalha, e Sérgio Ricardo. Eternizando: Roda Viva, Alegria, Alegria, Domingo no Parque, Maria, Carnaval e Cinzas, Ponteio e Beto Bom de Bola. Esse era o espetáculo a ser apresentado naquela noite de 21 de outubro de 1967.
Cerca de 43 anos depois, o documentário retrata de forma fiel o material original sem distorcer os fatos. As imagens capturadas pela TV Record são um baú de jóias preciosas. Os depoimentos dos artistas e dos presentes no festival mostram o antes e o depois daquela noite. Primeiro, a ingenuidade presente na época e depois de todas as mudanças, a maturidade para analisar o ocorrido.  
O “combate de luta livre” como falou Solano Ribeiro e logo em cima eu citei, apresentava os personagens principais. Roberto Carlos, o Rei da Jovem Guarda e o galã do festival, disse que não tinha noção nem do que estava cantando. Sergio Ricardo, o vilão, afirmou que pro contexto social e político vivido naquela época, o ocorrido foi de grande importância e repercussão, mas que hoje, não faria isso. Gilberto Gil, que meses antes participava da passeata contra a guitarra elétrica, incluiu a mesma na sua apresentação junto com Os Mutantes, modificando a estética black tie e “acústica” do festival. Chico Buarque, o mocinho politicamente correto, bonito e menino de família, sorriu anos depois, afirmando que “a vida de mocinho é muito dura” justamente por carregar todas essas classificações. Caetano Veloso e Edu Lobo desabafaram que passaram anos de suas carreiras tendo de interpretar Alegria, Alegria e Ponteio, respectivamente, por conta da repercussão que suas canções ganharam após o festival. Caetano ainda comparou Alegria, Alegria, à Banda, de Chico e reconheceu a evolução musical dos participantes.
De 1967 em diante a música brasileira explodiu. Veio o Tropicalismo, as censuras aumentaram, houve a inclusão do internacional no nacional, a descoberta dos Novos Baianos e a volta do samba, a afirmação das raízes e do rock brasileiro. Novas formas de expressão musical foram inventadas e passadas de geração em geração. O ciclo da produção fonográfica aumentou e a qualidade se tornou cada vez mais inovadora. Tudo isso decorrente do agônico III Festival de Música Popular Brasileira da TV Record.

Mais uma vez, Uma Noite em 67 seguiu todas as regras de um clássico documentário, não só esteticamente falando - planos, fotografia, roteiro, argumentos, como sendo eternizando a sofisticação e história da MPB. 
Um filme para marcar uma geração que presenciou e outra que nasceu com o movimento organizado. Para aqueles que gostam ou os que não conhecem, vão ao cinema mais próximo e embarquem nessa viagem não só histórica, como musical do Brasil!