segunda-feira, 16 de março de 2009

Aqui jaz, Discografias.


Uma das comunidades de maior número de membros do Orkut, a "Discografias", acabou de ter todos seus tópicos excluídos. Essa comunidade se tratava de um arquivo de músicas, onde todos tinham livre acesso para postar e trocar mídia. Além disso, era uma fonte de conhecimento que envolvia todo o mundo fonográfico, fazendo com que os artistas se tornassem divulgados nesse novo meio de comunicação de massa, a internet.
Depois de grande pressão por parte da APCM (Associação Antipirataria de Cinema e Música), órgão que defende os direitos autorais no Brasil e está interligado às grandes empresas do ramo da produção (UNIVERSAL MUSIC DO BRASIL LTDA.; WARNER MUSIC BRASIL LTDA.; SONY - BMG BRASIL LTDA.; SIGLA - SISTEMA GLOBO DE GRAVAÇÕES AUDIO VISUAIS LTDA; EMI MUSIC LTDA.;COLUMBIA PICTURES INDUSTRIES INC.; DISNEY ENTERPRISES INC.; METRO-GOLDWYN-MAYER STUDIOS INC.; PARAMOUNT PICTURES CORPORATION; TWENTIETH CENTURY FOX FILM CORPORATION; UNIVERSAL CITY STUDIOS INC.; WARNER BROS.; UNITED ARTISTS PICTURES INC.; UNITED ARTISTS CORPORATION; UBV - UNIÃO BRASILEIRA DE VÍDEO E ASSOCIADAS), cerca de 921.377 membros encontram-se "órfãos" de um download.

No meu ponto de vista, diante do século em que estamos, isto não significa um simples download ou um roubo de autorias e sim, uma noção do novo, do desconhecido, do encontro de culturas, diversidade. O brilho foi perdido. Não existe (sem generalizações) mais o hábito de "pegar um vinil, colocar na vitrola e cuidadosamente posicionar a agulha na faixa exata" ou até "sair na loja e comprar aquele tal CD, com um projeto gráfico ímpar e apreciar no aparelho de som". São raros esses acontecimentos. Diante de fatores mil, como a falta de tempo devido ao dia-a-dia corrido; cada um com Ipod/MP3/MP4 no ouvido, vivendo seu mundo particular; a banalização da pirataria; o absurdo dos valores propostos para as vendas. Porém, ao mesmo tempo que existe todos esses ocorridos, encontra-se em questão todo o trabalho gasto pelo artista para a produção do projeto, o dinheiro investido na construção de tudo isso. Claro, lados positivos e negativos - reais ou irreais. Mas que no fim procuram alcançar um mesmo objetivo: Ouvir a sua música e conhecer o que de novo este projeto tem a nos mostrar.

Posso ficar falando aqui todos os meus argumentos sobre esta notícia. Mas hoje pela tarde, eu estava na gravação do programa de auditório Som da Sopa, de Rogê de Renor, da TV Universitária. Uma das atrações, era a banda Eddie - na qual acompanho o trabalho desde do início. A banda estar com um CD novo, Carnaval no Inferno, e enquanto Rogê aprensentava ao público e tentava informar onde poderia ser encontrado para a compra, Fábio Trummer (vocal/letras/guitarra) falou uma coisa certa: "Não importa para a gente onde vocês vão conseguir nosso trabalho. Ele estar a venda nas lojas do ramo como também se encontra nos sites -Trama Virtual, Orkut, Myspace, Som Barato. O que realmente importa é que vocês estão ouvindo nosso som, com frequência e divulgando entre todos os cantos. A gente fica feliz com isso, de ser reconhecidos. A internet hoje em dia, é o rádio de antigamente!"

Como uma "praticante diária" de downloads e compradora assídua tanto de CD's como DVD's - me encontro entre a modernidade e a verdadeira forma de apreciar a música, sinto que esse é o objetivo de um artista: ser reconhecido! Não importa o meio do qual você conseguiu e/ou conheceu "X artista". A verdade é que você teve o interesse de ir atrás e quem sabe, se valer a pena, você não chega na loja e compra toda a discografia deste "X artista"?

Eu sei que isso não vai deixar de existir. Outros meios de downloads vão ser inventados, outras comunidades vão surgir, outros sites vão se destacar (como aconteceu com o Som Barato. A Google cancelou a conta e depois de um tempo fora do ar, ele voltou com outro formato). Artistas vão se pronunciar contra ou a favor, novas leis vão surgir apoiando ou punindo este "escambo", produtoras vão se juntar para proibição desses meios ou até abaixar o valor atribuído para a compra (que encontra-se alto diante da crise financeira que estamos vivendo e do domínio da pirataria).

Fica aqui meus míseros lamentos quanto a esta comunidade do Orkut (parece ser fútil, mas é do domínio de quase todos). Participo do grupo de ófãos!

Descanse em paz,

*03/11/2005 +15/03/2009

Um comentário:

JOSÉ RAFAEL MONTEIRO PESSOA disse...

Esse tema é polêmico e complicado. Contudo, quem realmente fica prejudicado com os downloads e a pirataria são as monstruosas e ricas gravadoras. Direito autoral no Brasil e no mundo é uma porcaria. Como autor defendo que o bom mesmo é que todos conheçam a música, o filme, o livro... Como diria Raulzito "os homens passam, as músicas ficam".