O São João no Nordeste tem uma importância enorme assim como o Carnaval no país inteiro. Entre uma overdose de forró estilizado versus o pé-de-serra, a Prefeitura do Recife seguiu com a 7ª edição do Arraial Tomazina, no Recife Antigo, se tornando o encontro exato e diversificado para aqueles que queriam fugir do xenhennhem junino.
Em quatro dias de evento, cerca de 20 mil pessoas assistiram aos shows que variaram do pop, rock à eletrônica. Um dos principais nomes da programação apresentou seu novo show na quinta-feira (24) e foi de rachar o chão.
Ele é Maquinado ou Homem Binário ou o Mundialmente Anônimo ou Lúcio Maia. Escolha qualquer codinome e com certeza não haverá diferença. O Maquinado é o projeto paralelo de Lúcio Maia, da Nação Zumbi e do melhor guitarrista do Brasil (e viva a mania de grandiosidade do pernambucano!). Mundialmente Anônimo, seu segundo disco lançado, é diferente do primeiro, Homem Binário, e apresenta menos batidas eletrônicas, uma guitarra que vem acompanhada de uma percussão bem swingada e um Lúcio Maia não só músico e arranjador, como compositor também.
Ao ouvir o disco, logo de cara você sente um astral maravilhoso. A mistura de várias referências étnicas é totalmente perceptível e conexa. Agora imagina o show?
Bem, primeiramente foi o lançamento do disco aqui em Recife. Todas as expectativas tanto do próprio Lúcio quanto do público eram enormes. O show começou ao som do clássico de Jorge Ben, Zumbi, mas com a contemporaneidade da versão do Maquinado. “Ei, você que está me ouvindo! Você acha que vai conseguir me agarrar? Pois então tome!” E “tome” mesmo! O som projetado por Buguinha, estava altíssimo como se era de imaginar. O eco tomou conta do Recife Antigo e o show confirmou toda a potência do novo disco. Dandara, Bem Vinda ao Inferno, Girando ao Sol e Pode Dormir, todas compostas por Lúcio e com letras completamente deliciosas, foram tocadas e recebidas pelo público com total intimidade.
Alternando entre o Mundialmente Anônimo e alguns sucessos do Homem Binário, como Vendi a Alma e O Som, o show também contou com a “presença” de alguns mestres da música brasileira e mundial, como Bob Marley, Nelson Cavaquinho e Jimi Hendrix. Ao tocar Super Homem Plus, com uma versão totalmente diferente da original do Mundo Livre S/A (e muito melhor, na minha singela opinião), Lúcio afirmou que Fred 04 é um dos principais compositores brasileiros e que poucos sabem disso. Acho que não, pois o próprio Fred, que estava na platéia, foi ovacionado junto à declaração de seu companheiro de Manguebeat.
Além de Buguinha, já citado anteriormente, a banda que acompanha o Maquinado é chinfrosa tal o qual. Os “instigados” Regis Damasceno (guitarra) e Rian Batista (baixo), mais PG (DJ), Gustavo da Lua (percussão) e Beto Apnéia (bateria), dão o conjunto perfeito, junto à distorção da guitarra de Lúcio. O show, que segue do início ao fim, com uma pedrada atrás da outra, é completo e muito bom de se assistir.
Dentre todas as canções e as caras e bocas do “bonito” a cada riff novo, o que mais me agrada, além da musicalidade dele, é a classe dentro e fora do palco! Ao ouvir alguém gritar: “Toca Risoflora!”, todo trabalhado na elegância, ele respondeu: “Risoflora? Meu amigo, você ta no show errado!” (ironias à parte: beeijomeliga, Lúcio Maia ♥ haha)
Seguindo o “tema” Nação Zumbi e após algumas “conturbações” como a gravação do último DVD na Feira da Música 2009, mudança de produtora e outras coisas a mais, os meninos da banda seguem cada vez mais firmes em seus projetos paralelos. Cada um com sua identidade vem fazendo um certo burburinho dentro e fora do país. Seria isso um começo para o fim da banda? Enfim, não vou falar o que não sei e embora tenho medo de saber. Medo? É, não sei! Só sei que: “JAHMARRAPARAI CELEBRAI, CELEBRAI!”
2 comentários:
muuuuuiiiito bom o blog. tomei conhecimento através do site do mombojó.
como pernambucano distante de recife (moro no sertão paraibano, faculdade), gosto muito de mesmo assim tá conectado com a cena de nossa capital, na qual nasci.
vibro sempre com cada coisa que leio, vejo escuto. deve ser, enfim, muitas saudades.
morando no sertão, às vezes, sinto falta da cutura urbana d'aí. aqui é tudo muito regional demais. nada contra, gosto muito por sinal, meu irmão do meio é metido a poeta cantador.
mas desconfio que esse regionalismo quando não bem interpretado/empregado pelo próprio imaginário local ou pelas forças político-dominantes daqui tende a perpetuar práticas escusas de tempos pregressos de nossa história, como o (hoje neo-) coronelismo ou o machismo por exemplo, apesar de muitos lares daqui já serem conectados a internet, terem antena parabólica e/ou o gado ser guiado por cidadãos em moto. sertão globalizado.
dei uma lida rápida em algumas postagens. e me impressionei com o video de otto, na postagem acerca da música 'crua' e do mercado da música atual. o video é teu?!
confesso que apesar do empurra-empurra do show perceptível, a filmagem foi muito bem feita, poética demais, frisando em ângulos pouco atingivéis em shows um tanto lotados.
abraço!
prometo voltar mais vezes ainda que só para ler.
inté!!
Olá,
Meu nome é Lupa, recentemento fiz uma resenha sobre o novo disco do Mombojó para o meu blog, Game'n'roll e usei duas fotos que eles colocaram no site deles no meu post, e dei os creditos para você com o link para este blog.
Se tiver algum problema, me avise que retiro as fotos.
Até!
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