O novo disco de Silvia Machete, Extravaganza, lançado recentemente pelo selo Coqueiro Verde Records, poderia ter uma sequência nominal parecida com o primeiro, “Bomb of Love – Música Safada para Corações Românticos” (2006). Como assim? Explico: Poderia ser “Extravaganza – Música Sofisticada para Pessoas de Bom Humor”.
Nelson Motta uma vez a definiu como “sexy e hilária”. Mas os adjetivos para essa alma feminina vão além desses dois. Ela é performática e caricata por essência, criativa e inteligente por razão, elegante e envolvente por ser simplesmente mulher. Todas essas qualidades se encontram em uma cantora que não precisa de definições de gênero e que já está inclusa, e muito bem inclusa, na nova geração de cantoras brasileiras contemporâneas de qualidade.
Nesses quatro anos de um disco para o outro, o passarinho da Silvia Machete bateu asas e alcançou vôos altos, literalmente visto na belíssima capa floral, charmosa e secreta. Extravaganza é um disco de latinidade refinada para um país de poucas sonoridades multiculturais, provocativo sem ser careta e circense sem ser over.
“Yes, nós temos bananas!”. E assim, nessa efervescência, o disco abre com o paraíso tropical composto por Itamar Assumpção, em “Noite Torta”. Passando por uma marchinha “roqueada” em “Vou pra Rua” até uma folia irreverente e jazzística em “Meu Carnaval”, Silvia mostra sua voz doce, afirmando sua potência como compositora. As parcerias, entre tantas, conta com a presença de Erasmo Carlos, numa balada romântica para gente aberta em “Feminino Frágil. A canção composta com o Tremedão, visto pela segunda vez com a Silvia (ela regravou “Gente Aberta” no primeiro disco), dialoga com “Mulher (Sexo Frágil)”, sucesso do Erasmo na fase pós-Jovem Guarda. A melodia inocente e meiga de “Sábado e Domingo”, afirma o encontro das sensações engraçadas e sentimentos verdadeiros. Já em “Manjar de Reis”, Silvia se encontra num Jorge Mauter dançante e ambíguo, quando se é pedido: “Quero a tua nudez/ Da cabeça aos pés/ Quero que sem timidez/ Tu chupes picolés”.

Extravaganza é um disco para ouvir, dançar, sorrir e soltar as garras femininas. É um trabalho sonoro que brinca com a cultura brasileira de forma inteligente e delicada, e que com certeza, será consagrado nos palcos por onde a Silvia Machete passar, levando esse circo cheio de surpresas, ilusões e diversões super refinadas. E assim concluo (re)afirmando: “Extravaganza – Música Sofisticada para Pessoas de Bom Humor”.
*Foto - Crédito: Caroline Bittencourt
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