Há seis anos atrás o Brasil conheceu uma das melhores bandas que a cena musical independente de Pernambuco já teve e continua tendo, a Mombojó. O primeiro contato foi simples, através do site deles se fazia o download do Nadadenovo, com músicas de conforto para a alma e diversão para o corpo. Tudo moderno para um mundo de informação rápida. O site continua o mesmo, mas o disco é Amigo do Tempo e hoje, depois de várias mudanças, essa banda amadureceu, conquistou reconhecimento, atingiu um ponto alto de personalidade e são a prova de que em amizade, “é um por todos e todos por um”!
Antes, os meninos saiam da adolescência, ensaiavam na garagem da casa de Samuel ou ficavam de bobeira pelas ruas do Poço da Panela, em Casa Forte. Agora , eles moram em São Paulo , produzem novas bandas (Felipe S. e Marcelo, a A Banda de Joseph Tourton; Chiquinho, Jr Black) e têm um estúdio em parceria com China e outros amigos bons, o Das Caverna, no Recife. E por falar no Recife, só voltam para fazer shows ou absorver um pouco das raízes e saudades.
O processo de transição da banda passou por muitas modificações. Desde da morte de O Rafa, em 2007, a saída de Marcelo Campello e até ao rompimento com a gravadora Trama. Entre o Homem-Espuma e o Amigo do Tempo, foram três longos anos de produção, (mais) independência e muito iê-iê-iê de turnês junto com a Del Rey. Os fãs ficaram loucos, pensando de tudo um pouco. O fato é que essa demora pode agora ser explicada em um único verso da música título do novo disco: “Almejo ser o amigo do tempo / Dar cabimento para o ócio é que eu não dou”.
O primeiro sinal de um novo disco, veio em meados de 2008, com o lançamento do DVD MTV Apresenta: Sintonizando Recife. Nele, a Mombojó dialogava com outras bandas questões que iam do mercado fonográfico ao reconhecimento das bandas independentes ou já consagradas. Além do mais, apresentaram o primeiro single que daria título ao disco futuro, Amigo do Tempo. As novidades não aconteciam só por aí. Durante os shows, a banda também testava as músicas com o público e sentia a recepção. O que não deixa a entender que tudo já estava pronto nesse tempo de pseudo-ócio.
O tempo é a junção de um passado - vivido ou não -, com um futuro presente. Para a Mombojó, esse tempo reinventou conhecimentos musicais em que o passado se encontra com o presente. Muitos acreditam que o Nadadenovo será sempre o marco da banda. Mas fazendo uma viagem há anos atrás e reconhecendo os caminhos que a vida trilhou, a mesma banda independente que disponibilizou sua música de graça na internet em 2004, de sonoridade que vai do rock passa pela bossa nova e termina em diversas programações eletrônicas, é a mesma que hoje, dia 07 de junho de 2010, lança o novo disco primeiramente na internet do que em CD (o lançamento será dia 19) e tem uma arquitetura musical inovadora e única ao mesmo tempo.
O disco não é totalmente orgânico e sim, muito mais universal do que os dois primeiros lançados. Das 11 faixas, seis compostas por Felipe S., Amigo do Tempo apresenta uma mistura pop de imagens audíveis e super dançantes, com letras simples mas de arranjos marcantes e intensos. O quinteto formado por Vicente/Samuel/Marcelo/Chiquinho/Felipe S., participa de todo o disco tocando de tudo um pouco. Quem é da bateria, passa pra guitarra; quem é do vocal toca escaleta; quem toca baixo vai pro vocal... Mas fora eles, um outro time de grandes músicos também entraram em campo, como Guizado, Pupillo - assinando também a produção do disco junto com Rodrigo Sanches, Evaldo Luna e a Mombojó -, Edson Gomes, Quéops Negão e por aí vai.
Um balanço equilibrado entre letra e música. Entre a União e a Saudade e Praia da Solidão, as canções falam de sentimento e de melancolia da forma leve que a banda sempre cantou. Em Antimonotonia e Passarinho Colorido, eletrizantes arranjos instrumentais se sobre saem, com sonoridades rica em cordas, trompetes, samples e cellos. Já em Papapa, uma trilha sonora de vídeo-game é criada: enquanto não for descongelada toda a neve daquele inverno passado, que não deixa o sol iluminar seu lar, você não ganha vida nem bônus solares de verão. Uma brincadeira que só a música de qualidade permite dar a sua imaginação.
Parceiro para todas as horas, o tempo anda lado a lado da Mombojó. E Casa Caiada afirma todo esse caminho certo de trilhas tortas: “Penso no passado e já posso afirmar/ Casa Caiada não sou mais quem fui/ sinto perigo em qualquer lugar/ sinto muito mas não vou ficar”
Vida longa à Mombojó! Melhor banda, melhor show, melhores músicos e melhores entendedores de que só temos o tempo, quando damos espaço para o mesmo existir.
Um comentário:
porque eu não sabia nem da existência desse blog?
vida longa à mombojó!
LINDO texto, laah, beijos.
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