Essa última sexta-feira (28), Recife encontrou uma Club Nox com um público diferente do habitual. O motivo era o 4º Whisky Festival, com show da banda escocesa Camera Obscura. A Nox estava lotada dos estilosos agitadores culturais e formadores de opinião da cidade. Porém, não tão lotada como se o evento tivesse ocorrido no precário e caloroso Mercado Eufrásio Barbosa.
O show começou em torno de 1h da madrugada. Aquele som indie/rock/pop fofinho, tomou conta da pista de dança da boate, repleta de fãs que cantavam todas as músicas, aplaudiam no fim e gritavam a cada gesto diferente de Tracyanne Campbell e cia. Mas ali também existiam pessoas que estavam conhecendo a banda naquele momento, como ouvi de um menino: “Mas pra que essa gritaria toda? Nada demais, é só porque a banda é gringa!” Em partes posso até concordar com ele, mas que o público brasileiro é assim, efusivo demais, isso já não é novidade.
Com três discos lançados, mas com o show voltado para o último, The Maudlin Career, a banda tocou vários hits, como as dançantes French Navy, Honey in the Sun, The Sweetest Thing e até aquelas de dançar agarradinha com o “amorzinho”, só na levada suave, como Other Towns and Cities, My Maudlin Career e James. Sem contar com os clássicos, Tears For Affairs e Lloyd, I’m Ready To be Heartbroken que foram cantados em coro altíssimo pelos fãs. Músicas de melodias sensíveis e letras de amor triste ou feliz, levaram um show de 1h20min de duração, com direito a um bis (meio forçado pelo público, sendo sincera) de três músicas. Mesmo com toda simpatia que tenho pela banda, senti uma falta de presença de palco e um ar meio “eu sou autista” por parte de Tracyanne. Ou até, olhando por outro lado, um profissionalismo de apenas cumprir a missão de apresentar uma quantidade "X" de músicas e até mais. Mas faço das palavras do menino desconhecido as minhas: “É só porque a banda é gringa!” (Será?)
Tanto a Camera Obscura, quanto o festival e a produção do evento aqui de Recife, realizaram tudo da mais perfeita forma. Desses três, dou todo mérito a todos da produção Coquetel Molotov, que tiveram a ideia de realizar esse show no Club Nox, que é o ambiente ideal para shows de qualidade musical e estrutura perfeita para o público e banda. Todos sabem que falta na cidade uma casa de show que tenha uma boa estrutura tanto pras bandas quanto pro público e uma acústica de qualidade. Muitos eventos acontecem nos locais sem estrutura como o Eufrásio, Armazém 14, Burburinho e entre outros, por um certo preconceito (se é assim que posso dizer) do “público alternativo” por não quere freqüentar certos tipos de lugares e também, pelos próprios produtores musicais que se acomodam nos mesmo ambientes. Espero que futuramente alguém se ligue nessa falta de espaço e abra um ou que continuem realizando eventos em locais melhores.